quarta-feira, 21 de março de 2018

Diário de bordo #12 - 23-01-2017 - A minha vida adulta por um carro



A maioria dos meus alunos vem de autocarro. Um de bicicleta. A menor parte divide um par de carros, muito embora suponha que não o tenham comprado.
Em conversa com um conhecido, apercebo-me do quão elaborado é o significado de comprar um automóvel. Deixem-me resumidamente tentar exeplicá-lo.
Esse conhecido havia começado a ganhar dinheiro. Uma quantia generoza, realtivamente grande, inclusivé, para o contexto generalizado. O suficiente para poder comprar um carro.
Esse individuo afirmou que a ele sim, os pais souberam educar. Agora que tinha comprado um carro, finalmente os valores que lhe haviam sido incutidos tinham sido materializados em resultados positivos e práticos. Que agora, com vinte e poucos anos, era um adulto, termo que todos os outros indíviduos com a mesma idade deveriam fazer, para, evidentmente, serem os tais adultos.
Portanto, e conseguentemente, análogamente, a moioria dos meus alunos não é adulto. Eu próprio, também e já com vinte e poucos anos, não sou adulto.
Resta-me, portanto, ser outra coisa.
Mas deverá a marca do carro influenciar o tipo de adulto que alguém é, nessa analogia metafórica efetuada por esse indíviduo?
Por exemplo, um porche em primeira mão, representará um adulto respeitável e com classe? Um fiat punto em segunda, reprenta um adulto-modelo formiga, que trabalha num estabelemciemnto género call center? E um Wolkswagen, será o modelo do adulto ressabiado, que ostenta um carro demasiado grande que herdou de um viúvo idoso rico, e do qual não se livra por não encontrar um melhor nme quere um pior?
E o preço? Ganhar mais, é sinónimo de ser mais adulto? Quanto mais ganhamos, mais respeitados somos? Um gestor é um Homem maior que um condutor de táxis? Uma mãe nos meses que antece e precede o parto do seu filho, deixa de ser adulta? Um "H"omem é mais trabalhador que um "h"omem?
Muito honestamente, o ridículo não é existir um sistema qur se baseia em valores capitalistas. O que para mim é ridículo é o facto de indivíduos de vinte e poucos anos medirem o sucesso em números e marcas, a educação em estatuto e os valores com cifrões e chavões no final.
É engracado que a palavra "valores" tem realmente dois sentidos distintos, um deles quantitativo o outro qualitativo. Eliminando um, normalemnte, os indivíduos como o mencionado acima tendem a fazê-lo com o segundo, restanto o pimeiro, o dos números.
Sobra-me por fim tecer uma última consideração, em honra ao indivíduo com quem estabeleci o diálogo no qual este diário de bordo se baseou.
É preciso ter cuidado ao comprar carro, ou melhor, ao associar essa compra de carro. Há aqueles que só têm dois lugares, e mutias vezes o do copiloto vai vazio. Já quem vai de autocarro, como a maioria dos meus alunos, ainda que possa comprar o carro, e ser adulto, nada contra, saberá sempre ir de autocarro, e irá sempre poder ir acompnhado no mesmo, por inúmeras outras pessoas, que não têm necessidade de serem, e ainda bem, adultas.
Epá e que se lixem, mas lixem mesmo ,esses adultos que misturam carros com valores. Porra, mil vezes os putos. Os, perdão, "V"erdadeiros, "P"utos, que andam, e não se importam, de autocarro.

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